Haile Selassie: quem foi o imperador da Etiópia e seu legado

Se você já ouviu falar de Haile Selassie, provavelmente o ligou ao reggae ou ao movimento rastafári. Mas quem realmente foi esse cara? Ele foi o último imperador da Etiópia, governou quase meio século e ainda hoje mexe com a história e a cultura de vários cantos do mundo.

Vida e trajetória

Haile Selassie nasceu em 1892, num vilarejo chamado Ejersa Goro, na região de Harar. O nome de batismo era Tafari Makonnen, mas quando subiu ao trono em 1930 recebeu o nome oficial de Haile Selassie I, que significa "Poder da Trindade". Ele cresceu num ambiente aristocrático e recebeu educação militar e diplomática, o que ajudou a moldar seu jeito de liderar.

Logo de cara, ele se mostrou um defensor da modernização. Criou escolas, hospitais e tentou levar a África a um patamar mais respeitado nas negociações internacionais. Em 1923, já era embaixador da Etiópia na Europa, e isso deu a ele um contato direto com as grandes potências.

O ponto de virada da sua história aconteceu em 1935, quando a Itália de Mussolini invadiu a Etiópia. Haile Selassie fugiu para o exílio na Inglaterra, mas fez um discurso na ONU que ficou famoso: ele pediu ajuda ao mundo e denunciou o imperialismo europeu. Quando a Segunda Guerra Mundial acabou, ele voltou ao país em 1941 e retomou o trono.

Legado político e cultural

Durante seu governo, Haile Selassie promoveu a constituição de 1955, que deu mais direitos aos cidadãos e tentou limitar o poder absoluto do monarca. Ele também foi um dos fundadores da Organização da Unidade Africana (OUA), que hoje é a União Africana. A ideia era criar um bloco que defendesse a soberania dos países africanos.

Mas nem tudo foi sucesso. O país permaneceu pobre, e o comando militar acabou ficando muito forte. Nos anos 70, um golpe de estado liderado por oficiais do exército derrubou o imperador. Haile Selassie morreu em 1975, ainda sob custódia militar, e a monarquia foi abolida.

A parte cultural do seu legado é ainda mais curiosa. O movimento rastafári, surgido na Jamaica nos anos 30, vê Haile Selassie como a reencarnação de Deus na terra. Eles o chamam de "Jah" ou "Rei dos Reis" e usam sua imagem em símbolos de resistência e identidade. Por isso, você vai encontrar a foto dele em capas de álbuns de Bob Marley e em tatuagens ao redor do mundo.

Hoje, historiadores dividem opiniões. Alguns o consideram um visionário que tentou unir a África, outros veem nele um monarca que não conseguiu resolver os problemas internos. O que é fato é que seu nome ainda aparece em livros, documentários e nas conversas de quem curte história mundial.

Se você quer entender melhor a África do século XX, vale a pena dar uma olhada na vida de Haile Selassie. Ele mostra como um líder pode influenciar tanto a política quanto a cultura, e ainda hoje serve de referência para quem busca justiça e independência.

Em resumo, Haile Selassie foi mais que um simples imperador: foi um símbolo de resistência contra o colonialismo, um articulador de causas africanas e uma figura central para um movimento cultural que atravessa continentes. Conhecer sua história ajuda a entender o presente e a imaginar o futuro da África e do mundo.