Bastou menos de 15 segundos para Jair Bolsonaro trocar a liberdade pela prisão domiciliar. O ex-presidente apareceu em um vídeo, transmitido pelo celular do filho Flávio Bolsonaro, durante um protesto abarrotado de apoiadores em Copacabana, no Rio de Janeiro. A cena é simples: Bolsonaro, usando uma tornozeleira eletrônica, deseja 'boa tarde' ao Brasil e manda aquele clássico recado de luta pela 'liberdade'. Mas essas poucas palavras foram o suficiente para reacender a tensão entre o ex-presidente e o Supremo Tribunal Federal.
A reação de Alexandre de Moraes veio rápido. No dia seguinte à transmissão, o ministro do STF determinou a prisão domiciliar de Bolsonaro por descumprimento das medidas cautelares. Para Moraes, ele violou a regra clara que vetava qualquer comunicação pública, mesmo por meio de terceiros — no caso, seu próprio filho, senador Flávio Bolsonaro. O vídeo foi transmitido no Instagram, mas logo apagado após repercussão negativa. Mesmo com a exclusão, não teve jeito: a Polícia Federal bateu na porta da casa de Bolsonaro e levou o celular dele para análise.
A defesa correu para minimizar os danos. Flávio Bolsonaro foi direto: "Não durou nem 15 segundos", tentou justificar. Mas o argumento perdeu força diante do histórico de conflito aberto entre Jair Bolsonaro e o STF desde o fim de seu governo. O envolvimento do senador no episódio, mesmo que rápido, mostra como a família Bolsonaro brinca no limite das regras judiciais, apostando em contatos furtivos para animar a base e afrontar decisões da Justiça.
Bolsonaro já estava na mira do Supremo, respondendo como réu por suposta articulação para tentar reverter o resultado das eleições e enfraquecer as instituições democráticas. A detenção domiciliar, 132 dias depois de virar réu, amplia a crise da família e escancara a vigilância pesada sobre seus movimentos. Para os investigadores, a breve mensagem reforça suspeitas de orquestração política mesmo sob restrições legais. Já entre apoiadores, o vídeo virou símbolo de resistência e alimentou discussões acaloradas nas redes.
A nova prisão domiciliar não tem prazo definido. E, com os holofotes voltados novamente para Bolsonaro, o caso deixa claro: basta um pequeno deslize para balançar o jogo político brasileiro em 2025.