O Brasil está vivendo um novo embate entre tecnologia e lei com o bloqueio da Rumble, plataforma de vídeos que ganhou notoriedade por permitir conteúdos variados, incluindo os de natureza controversa. A decisão de Alexandre de Moraes, juiz do Supremo Tribunal Federal, visa suspender o funcionamento da Rumble até que a empresa cumpra certas condições legais, incluindo nomear um representante no país e bloquear o conteúdo de Allan dos Santos, um blogueiro fugido da Justiça brasileira.
A ordem, divulgada em 21 de fevereiro de 2025, surge após várias tentativas fracassadas de fazer a plataforma se alinhar às determinações judiciais prévias, que exigiam a retirada do canal de Santos e a interrupção de suas estratégias de monetização. No entanto, o CEO da Rumble, Chris Pavlovski, assumiu uma postura de resistência, recusando-se a atender os pedidos através de declarações em suas redes sociais. Segundo Moraes, tais publicações de Pavlovski indicam uma intenção de fomentar postagens radicais, odiosas e antidemocráticas enquanto desafia a jurisdição legal brasileira.
O caso ganhou uma dimensão internacional, especialmente porque coloca a plataforma Rumble em uma disputa não só com a Justiça Brasileira, mas também com princípios percebidos de liberdade de expressão e a alegada influência norte-americana. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) foi incumbida de comunicar os cerca de 20.000 provedores de internet do país, orientando-os a implementar o bloqueio, com grandes empresas recebendo notificações diretas.
A Rumble encara uma possível suspensão total de suas operações no Brasil, caso persista em seu descumprimento. Enquanto isso, o embate legal também está relacionado a um processo nos Estados Unidos, onde a Rumble e o Trump Media & Technology Group acusam Moraes de censura, intensificando a tensão sobre a soberania jurídica.
Pavlovski descreveu as ordens do STF como 'ilegais e secretas', manifestando a intenção de contestá-las judicialmente. Por outro lado, a retórica de Moraes se apoia na necessidade de coibir a 'massiva disseminação de mensagens ilícitas' que poderiam minar a democracia. Esse embate levanta questões significativas sobre os limites da jurisdição nacional frente à disseminação de informações em plataformas digitais globais, trazendo à tona o eterno dilema entre a segurança pública e a liberdade de expressão.