Alexandre Ramagem Diz ao STF que Postagens Polêmicas não Refletem suas Convicções

Alexandre Ramagem Diz ao STF que Postagens Polêmicas não Refletem suas Convicções

Ramagem Questiona Peso de Publicações em Investigação sobre Golpe

Um depoimento inusitado chamou atenção no Supremo Tribunal Federal: o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin, disse que as publicações polêmicas feitas em sua conta no X, antigo Twitter, não traduzem o que ele realmente pensa. O contexto é delicado. Ramagem é um dos oito investigados por suposto envolvimento em tentativas de golpe para reverter o resultado das eleições de 2022. Ao lado dele estão nomes de peso do governo passado, como o ex-presidente Jair Bolsonaro e ministros-chave do período.

Ao ser questionado no STF, Ramagem abriu o jogo: “Duas das minhas postagens sobre urnas eletrônicas fugiram do meu pensamento de fato. Quando critico em ambiente privado, é apenas para argumentar, não significa que eu tenha repassado documentos ou levado adiante esse tipo de conduta.” Ele frisou que as mensagens polêmicas nas redes sociais — algumas delas sugerindo desconfiança sobre o sistema eleitoral — eram, segundo ele, apenas parte de um debate acalorado, não expressões autênticas de sua posição pessoal.

O STF quer saber até onde vai a influência dessas mensagens e quem, de fato, atuou para insuflar o clima de contestação aos resultados eleitorais. A investigação que envolve Ramagem também inclui personagens centrais da política brasileira, como o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto. Todos são investigados pelo suposto papel em ações antidemocráticas depois da vitória de Lula nas urnas.

Cobrança por Responsabilidades nas Redes Sociais e Bastidores

O depoimento de Ramagem joga luz num ponto cada vez mais sensível: até que ponto manifestações nas redes sociais pesam quando se trata de investigação criminal envolvendo figuras públicas? O parlamentar tentou separar sua atuação institucional de suas provocações on-line. Disse que os textos eram apenas “um ataque para argumentar”, tentando diferenciar o que se fala no calor da internet do que realmente se acredita — ou faz — fora dela.

Esse tipo de argumento levanta discussões entre juristas, porque, apesar do tom “só estava debatendo”, as redes sociais funcionam como vitrines de ideias (muitas vezes radicais) e reverberam entre seguidores. Declarações de figuras públicas, como no caso de Ramagem, assumem peso político e emocional num ambiente já tenso após eleições polarizadas.

O inquérito do STF busca mapear quem articulou, financiou ou encorajou possíveis atos para subverter a ordem democrática, sobretudo na esteira da derrota do bloco bolsonarista em 2022. Ramagem insistiu, diante dos ministros da Corte, que seu histórico digital não deve ser tomado ao pé da letra e que provocou apenas para “gerar debate”. Por enquanto, a investigação segue, com depoimentos e coleta de provas que vão muito além de posts na internet, tentando entender o verdadeiro alcance das ações e intenções dos envolvidos.