Quem recebe salário fixo no Brasil já começa a planejar o fim do ano — e não é só por causa das compras de Natal. Em 2025, o 13º salário chegará com regras de desconto atualizadas, e muitos trabalhadores vão se surpreender com o valor líquido. A primeira parcela, paga até 30 de novembro, continua sem descontos, mas a segunda, liberada até 20 de dezembro, terá cálculos mais complexos: Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e Receita Federal do Brasil atualizaram as alíquotas, e isso muda tudo. Um funcionário com R$ 5.000 de salário bruto, por exemplo, pode ver o segundo pagamento cair de R$ 1.875 para algo próximo de R$ 1.546 — e a diferença não é só por causa da inflação. É a lei, e ela está em vigor.
Como o 13º salário é calculado em 2025?
O 13º salário é direito constitucional desde 1988, mas sua estrutura de cálculo é mais técnica do que parece. O valor bruto é a média do salário mensal multiplicada pelo número de meses trabalhados. Se você trabalhou 9 meses, recebe 9/12 do salário anual. Mas o que entra na base? Salário-base, adicionais de insalubridade, periculosidade, adicional noturno e a média das horas extras e comissões. Vale-transporte, auxílio-alimentação e outros benefícios não entram — isso é regra do Ministério do Trabalho e Emprego.
Na primeira parcela, nada é descontado. A segunda, porém, é onde tudo muda. Ela inclui os descontos de INSS e IRRF sobre o valor total do 13º, não só sobre a parcela. Isso significa que, mesmo que você receba R$ 1.875 em novembro, o INSS e o IRRF serão calculados sobre os R$ 3.750 totais.
Novas alíquotas do INSS e IRRF: o que muda?
Em 2025, o INSS passa a usar faixas progressivas mais precisas:
- 7,5% sobre até R$ 1.412,00
- 9% sobre R$ 1.412,01 a R$ 2.666,68
- 12% sobre R$ 2.666,69 a R$ 4.000,03
- 14% sobre R$ 4.000,04 a R$ 7.786,02
- 14% também sobre valores acima disso
Para o IRRF, a tabela é ainda mais sensível:
- Isento até R$ 2.259,20
- 7,5% (dedução de R$ 169,44) — de R$ 2.259,21 a R$ 2.826,65
- 15% (dedução de R$ 381,44) — de R$ 2.826,66 a R$ 3.751,05
- 22,5% (dedução de R$ 662,77) — de R$ 3.751,06 a R$ 4.664,68
- 27,5% (dedução de R$ 896,00) — acima de R$ 4.664,68
Um exemplo real: um trabalhador com R$ 5.000 de salário, que trabalhou 9 meses, tem um 13º bruto de R$ 3.750. O INSS desconta R$ 348,82 (cálculo por faixas). Depois, o IRRF é aplicado sobre o valor restante — R$ 3.401,18 — o que coloca ele na faixa de 15%, com dedução de R$ 381,44. Resultado: R$ 128,74 de imposto. Total de descontos: R$ 477,56. Líquido da segunda parcela: R$ 1.546,44.
Como os portais estão ajudando os trabalhadores?
Se você acha que isso é complicado demais para fazer na mão, está certo. É por isso que plataformas como G1, Serasa, Toro Investimentos e iDinheiro lançaram calculadoras gratuitas. Elas pedem apenas seu salário bruto e quantos meses trabalhou. Em segundos, mostram o valor bruto, a primeira parcela, os descontos e o líquido da segunda.
A calculadora do G1, por exemplo, já está operacional e é uma das mais confiáveis — ela usa os dados oficiais da Receita Federal e do INSS, atualizados para 2025. Outras, como o Meutudo.com.br e o Calculo Juridico, oferecem simulações detalhadas, inclusive para aposentados. Um benefício de R$ 2.000,00, por exemplo, terá desconto de R$ 158,82 de INSS, mas não paga IRRF se for o único rendimento.
Curiosidade: mesmo quem recebe salário mínimo pode ter desconto de INSS — 7,5% sobre os R$ 1.412,00. Mas se o 13º for o único rendimento do ano, pode não pagar IRRF. É um detalhe que muitos esquecem.
Quem mais é afetado? Aposentados e pensionistas
Os beneficiários do INSS também recebem 13º — e com regras parecidas. O valor é proporcional ao tempo de recebimento do benefício em 2025. Se você começou a receber em março, calcula-se 10 meses. O desconto de INSS é feito da mesma forma, mas o IRRF só incide se o benefício, somado a outros rendimentos, ultrapassar R$ 2.259,20. Muitos aposentados não sabem disso — e acabam recebendo o 13º totalmente líquido, sem saber que poderiam ter sido tributados.
Um exemplo: quem recebe R$ 2.500 de aposentadoria e não tem outros rendimentos terá desconto de R$ 202,23 de INSS, mas zero de IRRF. Já quem recebe R$ 4.500 e tem mais uma fonte de renda pode cair na faixa de 22,5% — e perder quase R$ 300 só no imposto de renda.
O que vem a seguir? O que os especialistas dizem
“A complexidade do cálculo do 13º em 2025 reflete uma realidade: o Brasil está tentando equilibrar arrecadação e justiça fiscal”, diz Luciana Moraes, consultora tributária e ex-auditora da Receita Federal. “Mas o problema é que a maioria dos trabalhadores não entende por que o valor líquido cai tanto. As calculadoras ajudam, mas a educação financeira ainda é um vácuo.”
Isso é especialmente verdadeiro entre os jovens. Muitos que começaram a trabalhar em 2024 ainda não tiveram experiência com o 13º. E agora, com as novas alíquotas, podem achar que foram “enganados” — quando, na verdade, é só a lei em ação.
Além disso, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) mantém a regra de arredondamento: se você trabalhou 15 dias ou mais em um mês, ele conta como completo. Isso pode fazer diferença de até R$ 200 no total. Não deixe de conferir seu holerite de dezembro.
Frequently Asked Questions
O 13º salário é pago para quem trabalhou menos de 12 meses?
Sim. O 13º é proporcional ao número de meses trabalhados. Se você começou em maio, recebe 8/12 do salário. Mesmo quem trabalhou apenas 1 mês tem direito — desde que tenha sido contratado com carteira assinada. O Tribunal Superior do Trabalho garante esse direito, mesmo em casos de demissão.
O desconto do INSS é feito sobre o salário bruto ou sobre o 13º total?
Sobre o valor total do 13º. Mesmo que a primeira parcela não tenha desconto, o INSS e o IRRF são calculados sobre o valor bruto anual do 13º. Isso significa que a segunda parcela já leva em conta todos os descontos acumulados. A regra é única e vale para todos os trabalhadores com carteira assinada.
Aposentados pagam IRRF no 13º?
Só se o benefício somado a outros rendimentos ultrapassar R$ 2.259,20 por mês. Se o aposentado só recebe o benefício do INSS, não paga IRRF. Mas se tiver aluguel, pensão ou renda de investimentos, o valor total é somado. Muitos não sabem e acabam recebendo menos do que deveriam por não declarar.
O que acontece se eu mudar de emprego no ano?
Cada empregador paga a parcela proporcional ao tempo que você trabalhou nele. Se você passou 5 meses em uma empresa e 7 em outra, cada uma paga sua parte. O cálculo do INSS e IRRF é feito separadamente, mas o valor total do 13º é a soma. A Receita Federal monitora isso por meio do CPF — então não tem como esconder.
A calculadora do G1 é confiável?
Sim. O G1, do Grupo Globo, usa as tabelas oficiais da Receita Federal e do INSS, atualizadas para 2025. Ela considera todos os adicionais legais e exclui benefícios não remuneratórios, como vale-refeição. É uma das mais precisas disponíveis — e gratuita. Muitas outras, como Toro e iDinheiro, também são confiáveis, mas o G1 é o mais acessível para o público geral.
Posso receber o 13º sem descontos se for aposentado?
Não. O INSS sempre desconta 7,5% a 14%, conforme a faixa do benefício. Mas o IRRF só é cobrado se o benefício for somado a outros rendimentos e ultrapassar o limite de isenção. Ou seja: você sempre paga INSS, mas pode não pagar IRRF — e isso faz toda a diferença.