Na noite de 21 de agosto de 2025, um terremoto de magnitude 7,5 sacudiu a Passagem de Drake, o estreito que liga o Atlântico Sul ao Pacífico entre a ponta sul da América do Sul e a Antártida. O evento foi detectado imediatamente pelo USGS, que inicialmente registrou magnitude 8,0 antes de revisar para 7,5. Segundo o geólogo Dr. Robert Sanders, da agência, a profundidade foi estimada em 10,8 km. Em resposta, o SHOA e o Centro de Alerta de Tsunamis do Pacífico emitiram alerta de tsunami, enquanto o Almirante Julio Leiva, comandante da Marinha chilena, coordenou as bases Prat e O'Higgins.
A Passagem de Drake está situada sobre a junção das placas tectônicas de Scotia e Antártica. Essa área, embora menos ativa que a fissura de Nazca ao longo da costa chilena, ainda abriga falhas capazes de gerar tremores de grande magnitude. Estudos do USGS indicam que movimentos de deslizamento submarino são comuns, aumentando o risco de tsunamis locais, especialmente quando combinados com fortes correntes marítimas.
O sismo ocorreu aproximadamente às 23h16 (horário de Ushuaia) e teve epicentro a 710 km a sudeste da cidade argentina. A profundidade, registrada entre 10 e 10,8 km, é típica de terremotos de origem crustal, o que explica a forte sensação nas embarcações que cruzavam a região. O movimento do solo durou cerca de 35 segundos, segundo análise de vídeo divulgada no YouTube, e gerou vibrações detectáveis por estações sísmicas em Punta Arenas e até mesmo em Puerto Deseado, onde ondas de 10 a 25 cm foram medidas.
Logo após a confirmação do evento, o Centro de Alerta de Tsunamis do Pacífico divulgou um alerta de nível "pequeno" para as costas do sul da América do Sul e para as bases militares chilenas de Prat e O'Higgins. O SHOA acompanhou a situação e, após avaliação dos modelos hidrodinâmicos, cancelou o alerta em menos de uma hora, afirmando que a profundidade da passagem e o forte vento reduzem a amplificação das ondas antes que alcancem a terra firme.
Felizmente, a região sendo escassamente habitada, não há relatos de feridos ou danos estruturais. A Marinha chilena manteve as equipes de apoio em prontidão, mas as bases Prat e O'Higgins não sofreram prejuízos significativos. O Almirante Julio Leiva declarou que "todas as medidas preventivas foram tomadas conforme protocolo estabelecido para eventos sísmicos na região antártica".
Especialistas em sismologia apontam que, apesar da menor frequência de grandes tremores na Passagem de Drake, a convergência das placas cria um cenário propenso a eventos repentinos. O Dr. Robert Sanders ressalta que "a zona permanece altamente ativa geologicamente, e a monitorização contínua é essencial para mitigar riscos futuros".
O episódio demonstra a eficácia do sistema internacional de alerta precoce, que coordenou dados do USGS, do SHOA e de outras agências. A rapidez na emissão e posterior cancelamento do alerta reforça a importância de modelos dinâmicos que considerem as particularidades da topografia submarina da Passagem de Drake.
Para os países costeiros da região, o alerta serve de lembrete de que mesmo áreas remotas podem gerar ondas que, embora pequenas, exigem avaliação cuidadosa. Autoridades chilenas já anunciaram a revisão dos protocolos de comunicação entre bases militares e centros de monitoramento, além de investimentos em boias sismológicas adicionais.
As bases Prat e O'Higgins estavam em modo de alerta, mas não registraram danos estruturais. O Almirante Julio Leiva confirmou que todas as medidas de segurança foram acionadas conforme o protocolo.
O SHOA avaliou que a profundidade da Passagem de Drake, combinada com as fortes correntes marítimas, impede a amplificação das ondas, limitando-as a poucos centímetros. Essa análise permitiu cancelar o alerta em menos de 60 minutos.
A região marca a interface entre as placas de Scotia e Antártica, um ponto de tensão que pode gerar grandes rupturas. Apesar de menos ativa que a costa do Chile, a Passagem de Drake tem potencial para eventos sísmicos de alta magnitude, como demonstrado em 2025.
O incidente mostrou a eficácia dos sistemas de alerta precoce integrados entre USGS, SHOA e o Centro de Alerta de Tsunamis do Pacífico. Também reforçou a necessidade de melhorar a comunicação com bases remotas e de instalar mais sensores submarinos.
Embora a probabilidade de grandes tsunamis seja baixa devido à profundidade da passagem, eventos subsequentes de deslizamento submarino podem gerar ondas locais. As autoridades permanecem vigilantes, mantendo boias sísmicas e modelos de previsão atualizados.
Jaqueline Dias
outubro 12, 2025 AT 02:19O que o terremoto na Passagem de Drake demonstra é a sofisticação dos protocolos de alerta que, apesar de parecerem burocráticos, funcionam de forma admirável. A rapidez com que o SHOA cancelou o alerta reflete um treinamento de excelência que poucos países conseguem replicar. É um lembrete de que a ciência bem aplicada pode salvar vidas, mesmo em áreas tão remotas. A comunidade global de sismologia tem motivo para se orgulhar desse caso exemplar.