Coreia do Sul faz homenagem às vítimas do maior desastre aéreo do país

Coreia do Sul faz homenagem às vítimas do maior desastre aéreo do país

Maior tragédia aérea em décadas abala a Coreia do Sul

É impossível não se impactar diante das imagens de parentes ajoelhando, com flores brancas nas mãos, diante de um altar montado em memória das 179 vítimas do acidente fatal com um avião da Jeju Air. O desastre, que aconteceu em 29 de dezembro de 2024, se tornou o mais grave da aviação civil sul-coreana em décadas e deixou o país de luto enquanto passageiros recém-chegados de Bangkok embarcavam em seus últimos momentos inesperadamente trágicos.

A cerimônia, marcada por rituais tradicionais como a oferta de ddeokguk – a simbólica sopa de bolo de arroz coreana – foi marcada pelo choro contido e pela perplexidade diante de uma tragédia com apenas dois sobreviventes. Entre as vítimas estavam principalmente cidadãos sul-coreanos e dois tailandeses, todos pegos de surpresa quando o Boeing 737-800 ultrapassou a pista do Aeroporto Internacional de Muan durante um pouso de emergência e explodiu ao colidir com uma estrutura de concreto próxima à pista.

Investigações, protestos e cobrança por respostas

Investigações, protestos e cobrança por respostas

Enquanto o governo decretava uma semana de luto nacional e ordenava inspeção urgente nas aeronaves Boeing 737-800 operadas no país, familiares questionavam respostas rápidas e superficiais das autoridades. Muitos acusaram as investigações iniciais de agirem com precipitação ao apontar falha humana, especificamente dos pilotos, na condução da emergência. O relatório preliminar, que sugeriu o desligamento equivocado de um dos motores durante o pouso complicado, revoltou parentes e fez com que uma coletiva de imprensa fosse cancelada diante dos protestos intensos da comunidade das vítimas.

O sentimento de injustiça cresceu quando surgiu a hipótese de que equipamentos do aeroporto, como o localizer (um sistema de rádio para guiar pousos), poderiam ter agravado o acidente por serem protegidos por materiais extremamente rígidos. Essa questão reacendeu um antigo debate sobre o papel das infraestruturas aeroportuárias e seu impacto em situações de emergência.

As autoridades sul-coreanas buscaram ainda apoio internacional, enviando as caixas-pretas – inclusive uma delas bastante danificada – aos Estados Unidos para análise técnica aprofundada. Paralelamente, avança o processo de devolução dos corpos às famílias, já com 11 identificações formalizadas logo após o réveillon.

  • Dados das caixas-pretas são analisados nos EUA;
  • Plano nacional de revisão de segurança em todos os Boeing 737-800 foi iniciado;
  • Famílias cobram buscas por responsabilidades que vão além de erro humano;
  • A discussão sobre segurança estrutural em aeroportos volta ao debate público.

Em meio à dor, as perguntas sem resposta mostram como, diante de uma tragédia dessa dimensão, encontrar culpados é um processo delicado – e, para as famílias, rigor e transparência são exigências mínimas nesta caminhada por justiça e reparação.